Por que “Pensatorium” ?
Pensatorium é um termo que alude a um lugar onde se Pensa. Mas alguém dirá
: “Ora, pensar é uma atividade ininterrupta, portanto não estará
vinculada a um lugar.” Ocorre que há diferença entre pensar e Pensar,
e o que usei foi com P maiúsculo. Diremos assim, para facilitar
: todos pensam mas bem poucos sabem Pensar.
Criei em casa, anos atrás, um espaço
físico para Pensar, esse sim o próprio Pensatorium. Um quarto pequeno, que
em alguns lugares se chamaria “quarto do despejo”, aquele quarto
auxiliar destinado a ser uma espécie de depósito. Esse lugar eu
reestruturei para ser o Pensatorium. Não se trata de uma biblioteca, pois
esta eu instalei no porão, com todos os seus 6.000 volumes. No Pensatorium
está o básico : uma estante com livros que são trocados de acordo com o
tema a ser pensado. Uma mesa, uma cadeira, uma luminária de mesa. Uma
coleção de canetas, lapiseiras e especialmente as canetas destaca-texto,
réguas. Um caderno e blocos de anotações. No canto, um rack com uma TV e
um aparelho de DVD, pois muita vez algumas fontes estão na forma de disco, mas
a TV ali nunca é usada como TV propriamente dita e sim como monitor do DVD. Um
notebook, mas não ligado à Internet para evitar distrações. Ao entrar no
Pensatorium o celular fica do lado de fora. Quando eu era criança eu
lembro que naquelas revistinhas Disney, o gibi Tio Patinhas mostrava que lá na
sua Caixa-forte ele tinha um lugar chamado “Sala das Preocupações”, onde não
tinha nada dentro, uma sala vazia onde ele ia se preocupar, e no chão tinha um
sulco circular de tanto ele andar em círculos, se preocupando. O Pensatorium
é mais ou menos isso, mas usa-se a cabeça e não os pés para buscar resultados.
Resumindo
a ópera, ali é um lugar de fazer o brainstorm de uma pessoa só. E ali
surgem caminhos, ideias, indicações, pensamentos e até revelações porque quando
se faz esse tipo de mergulho pode-se encontrar coisas inesperadas. Por
analogia : um mergulhador vai até 100, 150 metros de profundidade, e as
formas de vida que ele encontra ali já lhe são conhecidas. Mas se lhe
fosse possível descer a mais de 1.000 metros ele começaria a encontrar formas
de vida desconhecidas e surpreendentes, como ultimamente tem aparecido nas
filmagens da Petrobras ao monitorar as instalações das tubulações no pré-sal
: tem sido captadas criaturas totalmente desconhecidas que vivem naquelas
profundidades. Ora, elas sempre estiveram ali mas não eram vistas porque não
íamos até lá. Então, digamos que na mente acontece algo assim, quando se
começa a descer mais e mais profundamente.
A primeira coisa é conhecer o problema a ser analisado, é preciso um foco.
Reúne-se toda informação sobre ele, “conhece ao teu inimigo”, como dizia
o velho Sun Tzu em A Arte da Guerra. Agora vamos Pensar o
problema, por todos os ângulos, e aquele que honra o cérebro que tem vai
começar a perceber certos detalhes que costumavam passar
despercebidos. Por isso exortei a manifestação do corpo pensante do país,
composto por pessoas que independente do seu grau de cultura acadêmica percebem
a realidade que as cerca. Acredite, a chamada cultura acadêmica não é sinônimo
de esclarecimento porque eu conheço diversas pessoas com mais de uma formação
acadêmica mas que nem por isso deixam de ser massa de manobra ou sabem Pensar
como se esperava que soubessem fazer.
Em suma, eu, enquanto ente participante da sociedade não posso ser um IDIOTA,
sendo que Idiota é uma palavra de origem grega que significa “aquele
que fica olhando o próprio umbigo” ou seja, alguém que é alheio ao que
lhe cerca, não está nem aí para o seu entorno e não participa de nada. Não
tenho o direito de me alienar quanto ao que em cerca, e há outros tantos como
eu. Ambicionamos um resgate ainda que minimamente parcial daquilo que foi a
Alta Cultura, e para isso uma clara noção da realidade é conditio sine qua
non.
O Pensatorium está em duas versões, uma como Blog onde farei minhas
considerações, e outra na forma de lista de discussões, onde todo
livre-pensador é bem-vindo desde que desprovido de proselitismo, doutrinação e
comportamentos desse jaez.
Daniel de Ávila
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